As pessoas falam demais, reclamam de tudo e se queixam da vida facilmente

16 de outubro de 2022

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Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.

Tiago 1:19,20

Tiago em suas exortações, além de nos legar lampejos de sabedoria, nos orienta, de forma veemente a nos apressarmos para ouvir e, ao mesmo tempo, com zelo e cuidado, pensar, ruminar, e então, somente se for necessário, começar a falar. Pense comigo, pare um tempinho e perceba quantas vezes você falou o que não queria ter dito, ou respondeu de maneira áspera a uma questão de somenos importância, ou até mesmo deixou escapar uma ou mais palavras de sua boca que agrediu alguém. Veja que tais respostas e ou mesmo palavras vazias somente serviram para que você exercitasse o arrependimento depois. Atente-se para a exortação de Jesus: Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado (M. 12: 36 – 37).

Penso que deveríamos ser tardios para nos irritar em qualquer circunstância. Até porque, a irritabilidade, seja em qualquer atividade, como no trânsito, no trabalho, na igreja, etc., parece algo muito comum. Como é fácil explodir, não? No entanto, o sábio Salomão nos orienta que: O tolo dá vazão à sua ira, mas o sábio domina-se (Pv 29: 11). Creio, sinceramente, que o ser humano, de maneira geral, independente de credo, teria uma vida de maior tranquilidade, assim como os cristãos dariam melhor testemunho e seriam pessoas muito melhores, se fossem prontas para ouvir e, com resignação, praticassem o ser tardio no falar, o que certamente o tornaria uma pessoa tardia em irar-se. Tenho observado ao longo da caminhada existencial como existem pessoas que facilmente explodem de raiva, assim é com você? Se não ages assim, saiba que o ganho para sua vida é considerável, e desejo que Deus o preserve em longanimidade.

Vivemos em um tempo onde as informações demoram poucos segundos para no alcançar. Hoje, as informações se propagam na velocidade da luz. Recebemos informações aos milhares, e, se não cuidarmos de selecioná-las, elas tomam todo o nosso tempo. No tempo de hoje não se faz mais necessário esperar o noticiário noturno para se obter informação acerca da novidade de que se precisa conhecer. Não precisamos mais aguardar para comprar o jornal no dia seguinte. Aquela informação que, há décadas, seria necessário esperar o dia seguinte, pode ser acessada em tempo real; ela está a um clique no teclado do seu celular. Essa mídia, convenhamos, acelerou o relógio do nosso tempo. Vivemos literalmente numa era na qual o tempo voa. E acredito que, para a grande maioria que depende das informações, está cada vez mais difícil desacelerar e ouvir com atenção, para que, no tempo certo, o “ser tardio” se torne uma realidade.

A multiforme velocidade de como as informações são apresentadas a cada segundo torna difícil ao homem desacelerar, parar ou até mesmo ouvir, e, nesse particular, me diga: qual foi o tempo que você tirou para ouvir especialmente a Deus falar ao seu ouvido? Algumas pessoas têm agido literalmente tal como Marta é descrita por Lucas (Lc 10: 38 a 42), levando a vida de maneira afobada, acelerada, ao redor das coisas do cotidiano secular, super atarefada, extremamente zelosa com afazeres serviçais, sem um tempinho sequer para, com tranquilidade e calma, parar, sentar-se e, com prontidão, permanecer ao lado de Jesus para ouvir Deus falar ao seu coração, como sua irmã Maria o fez.

A igreja deve estar sempre atenta a esta exortação, pois, se bem pensarmos, talvez teríamos melhor entendimento de como reagir em meio a palavras tempestivas que maltratam o homem. Quem nunca disse uma palavra que feriu alguém? Quantos relacionamentos são prejudicados ou até mesmo arruinados porque fomos rápidos no responder, sem medir o quando deveríamos ter sido tardios em falar e ávidos para ouvir. Quantos erros cometidos tempestivamente poderiam ter sido evitados se tivéssemos apenas a capacidade de melhor ouvir do que nos apressar achando ter muito o que falar?

Tudo isso me leva a pensar no quanto devemos ser cuidadosos com as pessoas com as quais convivemos, especialmente aquelas que nos ouvem e com as que passamos muito tempo com os ouvidos atentos à sua fala. O Salmista adverte a não darmos ouvidos à voz dos tolos ou de um ímpio (Sl. 1: 1). Em contrapartida, nossa convivência é privilegiada, uma vez que existem pessoas aptas ao bom ensino. A essas, nossos ouvidos devem estar atentos (Hb. 13: 17). Os presbíteros são homens que devem ser ouvidos, principalmente em virtude de sua experiência (Pv. 13: 20). Os notadamente sábios, basta observar o que dizem quando expressam suas opiniões: são pessoas que sempre têm um bom conselho. Ademais, temos os piedosos e as autoridades: (Sl. 141:5) e (Rm. 13: 1), respectivamente.

De fato, não somos, em geral, bons ouvintes, mas isso pode mudar, basta treinar a indicação da Bíblia para ser “tardio no falar”. Escutar é uma atividade que envolve disposição. Quando ouvimos com atenção, compreendemos melhor a perspectiva do falante, mesmo que você não concorde com o que se ouve. Quando ouvimos com atenção, chamamos a tenção do que fala para que nos ouça com a mesma atenção. Ouvir com atenção abre a porta da comunicação mútua, visto que ouvir denota respeito, e qualquer um que se sinta respeitado dificilmente não retribuirá com o mesmo respeito.

O ensino das Escrituras sempre apontará o melhor caminho a seguir e, quando a obedecemos, somos ricamente abençoados. Mas voltando a Tiago 1: 19 que nos estimula a ouvir mais e falar menos. Penso que se nos propusermos a ser prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, nossa vida, local de trabalho, igreja, família, enfim todo ambiente com a nossa presença será, no mínimo, diferente do comum e de melhor convivência.  Observe que o próprio Tiago, mais tarde, vai alertar a igreja sobre o controle de nossas línguas: Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva! Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno (Tg 3: 5-6). O cristão que tem esse conhecimento e age dessa forma, sabe que o servo de Deus não pode ser atingido por palavras sem sentido, ditas por homens sem fé e sem Deus. O Cristão que segue esse ensino é visto por todos aquele que passa pela vida possuindo moderação de palavras em seus lábios, sendo notado pela disciplina no falar, e, mesmo no silêncio de sua voz, sua vida é acompanhada de exemplos de boa conduta e de obras inspiradoras.

Deus nos ajude a ouvir mais e a falar muito menos, ou apenas o necessário.

Reverendo Arlei Chaves Gonçalves

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