Deus se faz presente em todos os povos
23 de setembro de 2020

“e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro”
Apocalipse 7: 9b
Qual a sua percepção de Deus fora do povo da Sua herança e fora da Bíblia? Em nosso tempo, a resposta para essa pergunta seria mais fácil de ser encontrada. São muitas as tecnologias que nos facilitam na transmissão da mensagem bíblica entre os povos, mas, em tempos idos, como isso seria possível? Desde o chamado de Abraão, vemos que Deus é conhecido entre outras nações que não os Judeus. Creio que Melquizedeque, rei de Salém, a futura Jerusalém (Hb 7: 1 a 10), é o primeiro registro bíblico de que Deus se fez conhecer de outras tribos sobre a terra. Assim foi, assim é. O que sei é que desde sempre, Deus se faz conhecer. Assim vemos e assim sabemos que todos são indesculpáveis diante de Deus. “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entende, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Rm 1: 20). A partir deste episódio, Deus se utiliza de seu povo, tanto para o bem quanto para o mal. O certo é que Ele se fez conhecer. E, primeiramente, essa ação pode ser vista no episódio do exílio no Egito, ato que teve seu início quando a sobrevivência que José proporciona a seus irmãos, transforma-se numa escravidão sem precedentes na história desse povo que, com o passar do tempo, foi subjugado e escravizado. É aí que a ação de Deus se faz presente.
Esse tempo de escravidão foi também um tempo de fé e esperança, onde os decentes de Jacó deixaram seu legado de fé no Deus único e criador. Após a libertação dos Judeus, e durante 40 anos, Deus se manifestaria às tribos do deserto. Esses, outrora exilados, subsistiram durante tanto tempo no deserto sem plantar seus alimentos, recebendo seu sustento direto do alto (maná), sem contar que eram defendidos de todos os perigos que nesse tempo de deserto pudessem infligir sobre eles. Tudo isso junto à nuvem de proteção durante o dia e a coluna de fogo à noite, que eram vistos de perto e também por quem estava longe, situações as quais todos tinham a clara noção de que só poderiam ser de origem sobrenatural. E não somente eles, mas também os de outras nações que presenciaram esses atos. Sem contar os próprios egípcios que estavam no meio deles. Assim não foi diferente quando chegam à Canaã prometida. Eles dominaram a terra e venceram seus inimigos. E quem os conhecia como camponeses e criadores de rebanho, saberia facilmente que isso nunca seria possível por suas próprias forças, mas sim, que sempre foi pela ação sobrenatural do Deus que os protegia e que se apresentava como protetor contra quem O desafia. Desafiar os escolhidos de Deus é desafiar o próprio Deus.
Estabelecidos em sua terra, segue-se que, antes dos reis de Israel, e mesmo no período destes, todos que visitavam ou circulavam em meio aos judeus reconheciam que um povo em tão pouca terra conquistada não poderia chegar ao auge do poderio que tiveram, como no tempo de Salomão, se não fosse por meio de uma intervenção sobrenatural; todos são unanimes em dizer que isso seria impossível. E a coisa não para por aí: Deus os ama tanto que os disciplina sempre, em meio à Sua bondade. E por que não? Para educar e disciplinar seu povo pela falta de respeito ao Senhor – visto que deveriam oferecer obediência ao Deus de seus pais, mas que assim não agiam e não dedicavam a devida devoção ao Criador – Deus, por meio da disciplina, se fez conhecer a muitos outros povos mundo afora. Isso acontece novamente por volta do ano 600 antes Cristo, quanto, nesse tempo, foram levados cativos para a Babilônia (Sl 137), terra onde ficaram conhecidos por muitas outras nações que ali também estavam cativas, sem contar os judeus que, ao fugirem de serem levados para Babilônia, foram para outras nações, levando consigo sua fé, tornando Deus e a promessa do messias conhecidos de outras línguas.
Em meio a esse vácuo temporal, do pós-exílio babilônico, temos muitas outras provas dessa verdade, haja vista que, no interregno bíblico do VT para o NT, foram quase 500 anos, um tempo em que ficaram exilados da boa interpretação da Palavra e sob o domínio de diversas outras nações. Parecia que outra ação de Deus seria manifestaria sobre os Judeus, pois tínhamos um verdadeiro disparate quanto às interpretações legadas, nos mais diversos escritos, em meio a tantos pergaminhos. No entanto, nesse tempo, Deus moveu a história para que os escritos proféticos e os demais pergaminhos do Canon (VT) fossem traduzidos para o grego. Hoje, conhecemos essa tradução como a Septuaginta, livro que tornou as profecias sobre o messias e o conhecimento de Deus uma realidade para todos os lugares onde a língua grega tinha sua influência. Foi esse ainda um tempo de muitas religiosidades acontecidas entre os herdeiros do povo da promessa.
Senão vejamos, como aqueles magos apareceram no nascimento de Jesus? Se essa verdade não tivesse acontecido, se Deus não movesse a história para que outras nações O conhecessem e aprendessem sobre as promessas referentes ao messias que viria para reinar, de que outra forma aqueles magos iriam aparecer na história de Jesus. Eles certamente não chegariam nunca por aquelas bandas guiados por uma estrela. Surgiriam do nada? É lindo conhecer a história sobre a ótica do Criador que move pessoas, tempos e nações para que seus propósitos eternos se estabeleçam. Assim Ele conduziu a plenitude dos tempos para que Seu Filho se manifestasse. Pena que tantos outros povos O reconheceram, porém os seus (judeus) O rejeitaram.
O que mais vejo é que, para espanto de muitos, não meu, hoje, seu legado na história e nos povos continua, mesmo entre aqueles que ainda resistem em creditar ao dono da história, sua maestria em proporcionar o caminho para que os seus se acheguem à Sua grandeza e se rendam à sua majestade. Sinto-me abraçado pelo Pai por me conceder a satisfação de conhecê-Lo mais de perto e ser aceito em Jesus. Não somente outrora, mas ainda hoje, Deus se faz conhecido de todos os povos. Que sejamos seus ajudadores na condução da Sua mensagem a todas as nações, tribos, povos e línguas. Forte abraço.
Reverendo Arlei C. Gonçalves