Caçador de coisas quase extintas
22 de agosto de 2022

“buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Mateus 6.33
A Paleontologia é uma ciência que estuda formas de vida existentes em períodos passados, a partir de seus fósseis (definição de Oxford – dicionário Google). É um trabalho penoso, uma ciência de campo que precisa sair da segurança de uma universidade ou laboratório. Precisa de pessoas dispostas a trabalhar no sol, na poeira e até debaixo d’água para colher os fragmentos de vidas que ficaram esquecidas ou despercebidas por muito tempo.
Além disso, o paleontólogo também precisa se debruçar sobre os escritos de outros pesquisadores, pois as amostras colhidas por eles já não estão mais disponíveis, ou pelo menos não puderam ser encontradas novamente. Dessas pesquisas tiram-se lições e conclusões do que aconteceu com aqueles seres vivos, tais como: o que comiam, peso aproximado, se tinham pelos ou pele, etc.
Em nosso texto, Jesus está chamando seus seguidores a reconsiderar aquilo que já não estava mais disponível em seus corações. Havia uma inquietação por coisas fúteis e um desejo generalizado em ter mais do que precisavam. Jesus precisou ensinar-lhes a orar (Mt 6.9-15), precisou ensinar-lhes a jejuar (Mt 6.16-18), precisou lembrar-lhes do verdadeiro tesouro (Mt. 6.19-21), mostrou-lhes que olhos entrevados faziam mal para o corpo (Mt 622-23) e, ainda, que o amor às riquezas os estava afastando de Deus.
Foi dessa forma que Jesus encontrou sua gente vivendo neste mundo: querendo muito mais do que realmente necessitavam. Sem querer tirar a legitimidade de buscar melhorias e progredir na vida e usar suas forças para sustentar aqueles que Deus colocou sob seus cuidados, a verdade é que ainda hoje as pessoas vivem para granjear coisas que não têm relevância eterna.
Buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça não significa, necessariamente, parar todas as atividades não-eclesiásticas em que estamos inseridos, nem deixar de lado projetos de vida como viagens, aquisições ou melhorias cotidianas. Não é deixar de se relacionar com sua família ou negligenciar o cuidado devido a ela. Antes, “é fazer do governo soberano de Deus e do correto relacionamento com ele a mais alta prioridade da nossa vida” (Comentário da Bíblia de Genebra), esteja você onde estiver, fazendo o que fizer. Como escreveu o apostolo Paulo: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Cor 10.31).
A busca pelo Reino e a justiça de Deus são coisas cada vez mais próximas da extinção, por isso, ainda hoje, Jesus conclama as pessoas a reconsiderar suas prioridades. Graças a Deus, que nos concede a oportunidade de buscar aquilo que para a maioria passa despercebido e alheio ao seu cotidiano; uma vivência sob os princípios da Sua justiça e o desejo de que Seu reino se estabeleça o quanto antes.
Seminarista Ricardo de Souza Gaúna
Presbítero na Igreja Presbiteriana Águas Vivas (IPAV)