Grandezas da Vida
13 de julho de 2022

Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já estava a encher-se de água”.
Marcos 4.35-41
É verdade que todos os dias temos demandas para resolver em nossas vidas. Algumas são rotineiras, outras nem tanto. Existem aquelas que precisam de muita atenção, outras menos. Algumas, tiramos de letra, outras são como tempestades das quais perdemos totalmente o controle. Essas tempestades são mais emblemáticas e costumam marcar nossas vidas, tanto que se tornam pautas de nossas conversas informais e até de testemunhos em nossos meios de convivência, pois momentos de grande dificuldade não são esquecidos facilmente, seja pelo assombro movido pela grandeza do problema, seja pela nossa total impotência em lidar com eles.
O texto bíblico em questão nos mostra, mais uma vez, a onipotência de Jesus, inclusive sobre as forças da natureza. Ele já vinha curando enfermos, endemoninhados e causando admiração com seus ensinamentos. Agora, em mais uma demonstração de sua divindade, vemos que até o vento e o mar lhe obedecem.
O autor deste evangelho tomou o cuidado de relatar três grandezas que, progressivamente, vão apontando para aquele que, de início, é apresentado como servo, mas que, por fim, se revela como o Filho do Homem, o Deus todo-poderoso. São elas:
“… Levantou-se grande temporal de vento” (v.37). O vento soprou tão forte e o mar ficou tão agitado que mesmo aqueles homens, pescadores e acostumados com as intempéries climáticas, ficaram assustados, a ponto de despertar Jesus do seu descanso, talvez com o fim de se prepararem para abandonar a embarcação. Mas apesar do grande temporal e do aparente descaso de Jesus com a situação, Ele está conosco no barco, assim como no texto. Em momentos de grande temporal, algumas vezes somente Jesus pode acalmar a agitação a nossa volta.
“…O vento se aquietou, e fez-se grande bonança” (v.39). Proporcionalmente à agitação do vento e do mar, Jesus se levanta e determina que se calem. Aquilo que era grande aos olhos dos discípulos agora estava debaixo dos pés do Mestre, numa demonstração de que não há coisa demasiadamente grande para o Senhor que reina soberanamente sobre todas as coisas. Na verdade, é preciso uma força ainda maior para deter as forças da natureza. A grande quietude que se seguiu revelou que o criador de todas as coisas, mesmo que pareça estar dormindo, tem o domínio de toda situação.
“Possuídos de grande temor” (v.41). As duas grandezas anteriores causaram um outro grande efeito. Seus seguidores não somente respeitavam o mestre como alguém capaz de curar doenças ou expulsar espíritos imundos. Agora, eles estavam possuídos de grande temor. Não mais um temor covarde pelas suas próprias vidas, mas um temor de admiração sobre alguém que acabara de embaralhar suas mentes com tamanha demonstração de poder. Perceberam que eles não estavam diante de um curandeiro ou um guia espiritual, mas diante do Cristo que triunfa sobre todos os poderes, sejam cósmicos, sejam individuais.
Podemos passar por grandes dificuldades na vida, algumas delas grandes demais para nós. Mas Jesus se revela como superior a todas elas, acalmando as tempestades, trazendo bonança e transformando o medo em grande temor ao que governa todas as coisas segundo o conselho da sua vontade.
Seminarista e presbítero Ricardo de Souza Gaúna