Amor e Trovão

3 de abril de 2022

Amor e Trovão

“[Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las.]”

Lucas 9.55

Esse título parece um tema de romance, mas trata-se de uma das mais belas lições que Jesus ensina aos seus discípulos e a todos que desejam seguir a jornada da vida com Ele. É sobre o amor ser lindo e admirável, mas também precisar ser forte e suportável.

O comentarista William Hendriksen destaca o impressionante fato de Jesus ter conseguido reunir em torno de si, como discípulos e formando uma família, doze homens de características tão diferentes, e fazer deles “um elo de ligação entre o povo de Israel no passado e também um fundamento sólido para a Igreja do futuro”. Como eles conseguiram? Com ajuda é, claro, e sabemos de Quem. Se olharmos para nós (eu e você) como servos de Cristo hoje, não será difícil entender como o amor de Jesus é grande, não é verdade? Entenderemos, inclusive, como destaca o comentarista acima mencionado, que até mesmo “a tragédia chocante da vida de Judas é prova, não da impotência de Cristo, mas da impenitência do traidor”. Ou seja, o pior dos arrependidos ainda pode encontrar amor.

Jesus veio por amor e para salvar. E a prova disto é que Ele nos chamou à salvação. Concorda? E como podemos nos surpreender com as mudanças que nos acontecem depois de um encontro com Jesus! Mas não se assuste, é assim mesmo. Os discípulos de Jesus são exemplos para nós do quanto isso é real.

O texto em epígrafe é uma resposta de Jesus a Tiago e João. Eles eram irmãos, pescadores e filhos de Zebedeu. E pela natureza calorosa e inflamada de suas atitudes, Jesus os apelidou de “boanerges”, um termo aramaico que o evangelista Marcos traduz como “filhos do trovão” (Mc 3.17). Naquela ocasião, passavam por uma vila de samaritanos, vizinhos não muito queridos dos judeus. E pela falta de hospitalidade, eles perguntaram a Jesus se poderiam mandar descer fogo do céu para consumi-los. Entendeu o porquê do apelido? Não eram de Asgard, o reino mitológico de Thor, mas gostavam de disparar raios e trovões. No entanto, vejam como após caminhar com Jesus e receberem o Espírito Santo, as palavras e atitudes de João mudaram radicalmente: “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” (João 3.17).

Sobre Tiago, não temos muitos registros, pois pouco tempo após a ascensão de Jesus, o rei Herodes o martirizou (At 12.2). Porém, seu irmão João ficou conhecido como o “discípulo amado” e, dentre os Apóstolos, foi quem mais viveu. E são dele as mais belas expressões sobre o grande amor de Deus, como esta: “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1ª João 4.8).

Eles mudaram. Passaram a refletir mais amor e a ter mais controle sobre soltar trovão. Em nossa caminhada com Jesus, o natural é irmos sendo transformados também. Podemos ainda exalar algumas faíscas, mas quanto mais próximos dos ensinos do Mestre, o trovão vai sendo abafado pelo som do amor, da misericórdia e do perdão.

Reverendo Edilson Martins

Pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana Águas Vivas (IPAV)

Leave a Reply: