Passei, passado, passou. Presente, cheguei, estou aqui. Futuro virá. Será?

6 de fevereiro de 2022

Passei, passado, passou. Presente, cheguei, estou aqui. Futuro virá. Será?

A vida, enquanto existe, nos leva a passar por momentos difíceis. E penso que alguns desses momentos superam em muito o que consideramos ser algo difícil. Ou seja, são aqueles momentos que, de repente, sem aviso prévio, sem ao menos um preparo ou alguma profilaxia, surgem e mudam tudo. E, ao mesmo tempo, alguns instantes ruins, que por menores que pareçam ser, de forma tempestiva e corriqueira, evoluem e envolvem o ser de dor. Mas esses, como aqueles, de certa forma, não mudam nada. E a vida segue, e segue a vida. Quanta fala, quanto nada! Vazios de ontem não mudam os espaços ocos de hoje.

Já notou o tanto de pessoas que, de forma inusitada, chegam sem que se perceba e começam a fazer parte das nossas vidas? Com elas nos importamos e percebemos que passam a ocupar espaços no nosso viver que julgávamos não existir. Por outro lado, pessoas que estimávamos por demais partem e deixam em nosso peito apenas lembranças e saudades de um tempo sem volta. Se foi, não mais será.

Pois bem, diz as Escrituras que “toda a humanidade é como a relva e toda a sua glória como a flor da relva; a relva murcha e cai a sua flor, mas a palavra do Senhor permanece para sempre” (1 Pe. 1:24 – 25). Essa é a palavra de Deus, que desde os primórdios, vem de forma diferenciada, oferecer ao homem uma proposta eterna. Sempre foi, é e sempre será um tesouro de valor efêmero. Isso porque eu sei o valor que essa palavra tem, e sei que outros não a valorizam como convém. Essa é a palavra da vida, de vida e da verdade que é e foi anunciada de forma a alcançar o coração aflito pelas vicissitudes da vida, que tiram do ser a alegria do sempre será. Se acreditar nela, tenho certeza que você é, caso não acredite, fico realmente na dúvida, se será.

Notícias ruins, de tempos difíceis, quase que ininterruptamente nos abalroam como se fossem um trem desgovernado e se aproximam do nosso ser sem pedir licença. De um momento para o outro, aparece o resultado de um exame que demonstra que um tratamento difícil está a caminho, e, ao mesmo tempo, como que para amenizar a dor, outro ser surge com o dizer “Comigo deu certo”. Mas e com você, será? Começos e conclusões são vistos nessa “vibe”. Chegadas e despedidas dos que por um mal tempestivo se foram, e de outros que, sem aviso prévio, e como que por uma almejada surpresa, apareceram. Aquele que se foi, dele pouco se sabe de como por aqui passou, e este que chegou, aparece sem saber a que veio; são recomeços, e começos começados.

De ontem pouco me lembro do que vivi. Sei que foi, e que eu poderia ter aproveitado, mas aproveitei? Não sei. Deixei para hoje, talvez? Por que será de tantas indagações, quando a simplicidade me diz que devo apenas acreditar numa verdade universal? Bem, para mim, é simples assim acreditar que: Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão (Lc. 21: 33).

Enquanto escrevo este texto, escuto minha filha dizer, tal como ontem, e espero que amanhã também seja “Bênção Pai”. Com meu pai foi assim, não conseguia falar com ele sem antes receber de maneira gratuita sua benção sobre minha vida. Hoje, não é mais assim, amanhã não mais será. Queira Deus que na eternidade, onde tudo acontecerá, e como um presente do Eterno, eu possa desfrutar novamente dessa benção singular. Eu filho mais velho, vi meu filho mais velho dizer “Vou ali” – e, foi-se para longe. Quando vai voltar, hoje não é. Amanhã será? A história em seu caráter cíclico traz a memória que tudo passa e que isso e esse tempo também irão passar. Próximo de outra despedida, sinto um aperto no peito. Tal como ontem, hoje já é, e amanhã essa outra despedida com certeza acontecerá.

Fica perto de mim uma pasta, numa prateleira onde repousa uma foto do meu pai. Às vezes, meu olhar se perde e se encontra naquela imagem. Sinto um aperto no peito, um desgaste na alma e uma vontade enorme de lhe falar, talvez ligar. Ligar para o meu pai, hoje não dá mais. Ontem era possível, amanhã, tal como hoje, não mais possível será. O número, que era dele, continua salvo na agenda de contatos do meu celular. Ele partiu há mais de cinco anos. Não senti vontade nem coragem, mas acho mesmo é que não tenho forças para apagar o registro dele da minha agenda celular.

Chegadas de tempos, partidas de eras. Foi meu bisavô, tempos depois meu avô, numa descabida despedida, e logo depois, meu pai, que ontem era, hoje, não é mais. Amanhã, talvez, minha partida, como que logo depois, vai chegar. Como disse o grande Mário Quintana: “Todos esses que estão por aí… Atravancando meu caminho. Eles passarão! Eu passarinho”.

Segue-se a vida nessa dinâmica de começos, recomeços e sua notável capacidade de dar continuidade ao ser. Do que foi, é e será. O que mais certo eu sei é que: Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão. (Mc. 13: 31).

Pouco antes de o coronavírus virar o mundo de pernas para o ar, muito me angustiei com tantas notícias ruins. Em meio à dor de tantos que são próximos, chorei, choro e certamente chorarei. Nessa semana, um grande amigo me avisou que sua família passou por grande tragédia. Hoje é, e amanhã, qual tragédia será?

Outras amizades que tenho, carregam em si, suas dores em meio a tanto disparate social e emocional, há quem faça um tratamento complexo, e dele se cura. Há quem não tenha a mesma sorte e, mesmo assim, nos causa surpresa. Tal como foi, ainda agora é e será. Assim como a felicidade se estampa na face daquele que vai ser pai novamente, a dor é vista no semblante de quem se angustia com a enfermidade que pode ser fatal. Será?

Uma questão cabe nesse final. As fortes emoções, boas ou ruins que se sucedem na vida da gente são um fator diferencial que, em alguns, encontra a força que desconhece, e noutros, a fraqueza que acreditava não possuir. De certa forma, creio ser muito difícil e complexo achar certezas nesses tempos incertos. É de fato a vida numa amostragem clara, em cores vivas, que muito do que consideramos coisas difíceis de solução ou grandes problemas são, na verdade, alguns leves desconfortos existenciais.

Conquanto, pense bem: aquilo que talvez você tenha tido por grandes conquistas não passam de estalos de felicidade, que ontem era e hoje não mais é. Todas as coisas nessa vida são passageiras. O ontem já foi, o presente praticamente não se vê. E o amanhã, será?

O fato é que o ensino bíblico que provem do Deus eterno, um Deus que foi, é e sempre será, o tenho como a mais pura e importante verdade de vida. E sei que o que Ele prometeu vai se cumprir. Tudo que Ele disse na Sua Palavra virá e não falhará. “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mt. 24: 35). Essa palavra que não vai passar afirma de forma categórica que Jesus é o caminho. Para mim, Ele foi e é, e para você, será?

Reverendo Arlei C. Gonçalves

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