Um ano para agradecer e ser melhor

31 de dezembro de 2021

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“Que darei ao Senhor?”

Salmos 116 v. 12ª

Que tal começar o ano cheio de esperança e com um belo sentimento de gratidão? Em todo início de ano pensamos sempre em muitas questões possíveis, mas mesmo que tenhamos expectativas, acredito que seria bom vive-las todas sem a cobrança de fazer delas uma necessidade de vida, mas sim, algo que vai brotar naturalmente do seu viver. Como assim? Bem, a proposta é ser você mesmo, ser o melhor de você. É viver com o melhor da sua essência. Para tanto não existe nenhuma fórmula mágica, apenas simplicidade nas ações que o envolve no dia a dia.

Olhe para o seu interior, examine-se introspectivamente e não se aflija e nem se assuste. Sim, não seja demasiado cobrador quanto à perfeição que outros querem te impor. Jamais imponha aos que caminham próximo a você os seus pontos de vista e as suas vontades de forma incondicional. Seja mais complacente para com as suas falhas e as alheias. Perfeição é quase impossível. Eu diria acertadamente que sem Deus não temos a menor possibilidade de alcançar tal parâmetro. Tenha na lembrança diária a certeza de que o mundo não existe para atender às suas vontades – ele já estava aqui quando você chegou e certamente vai continuar quando você dele partir. Ele existe muito além de você e do que somos.

Os que têm fé, certamente, possuem algumas prerrogativas que ela proporciona. No entanto, para se usufruir delas, faz-se necessário manter uma mente certa da supremacia de Deus sobre todas as criaturas. Alguns querem aparecer acima de suas capacidades, porém, o conselho escrito há milênios é “humilhar-se, para que no Senhor consigas ser exaltado”. É dessa maneira que, com sabedoria, ensinamos os que ainda não alcançaram seus objetivos a, de forma simples, serem pessoas grandiosas, que façam a diferença no seu meio.

Chegar a um propósito de vida parte do princípio da conquista pessoal, ou de primeiro conhecer a si mesmo, pois, se não me conheço, como saber das minhas capacidades ou até mesmo reconhecer a possibilidade de superar o que sou? Já caminho há mais de meio século por sobre a terra. É pouco tempo, sei disso, porém, o que mais aprendi nesse contexto é que renunciar a coisas mirabolantes ou a embates desnecessários traz mais alegrias do que prejuízo. A renúncia nem sempre beneficia quem a pratica. Por certo, quem age dessa maneira, pensa sempre nos outros, visto que deixar alguém se sentir melhor faz muito bem. Aprendi que melhor é ter menos e conservar a mente sã do que obter ganhos que não seriam condizentes com as minhas capacidades. Quem renuncia se beneficia de lucros eternos, em detrimento de perdas temporárias. Isso o permite ser alegre no seu espaço de tempo com os da sua convivência.

Algo que aprendi e que muito me ajuda a compreender melhor o ser humano diz respeito a trabalhar na construção do Reino eterno e santo. Esse trabalho é tão satisfatório que não busca algum tipo de benefício temporário, pois pensa em algo inimaginável, no que se relaciona ao plano material, e te leva a esperar qualquer coisa, de quem quer que seja, com mais resiliência e muito mais compreensão. Agindo assim sua alegria se torna visível aos olhos alheios enquanto, em geral, se desesperam por não conseguirem nada fazer.

Servir melhora a alto-estima e gera em quem serve a esperança de um tempo melhor, não apenas para atender aos interesses próprios, mas para que a comunidade se beneficie. Pois que esperança existe se nos limitamos a esta existência? Sem contar que a esperança nos permite penetrar o templo do silêncio pessoal. Em meio a tanto estardalhaço existencial, existe muito “disse me disse”. Sem a esperança de que o sonho se torne realidade, deixaremos tudo para depois e não agiremos no agora, enquanto temos tempo. E quanto mais o tempo passa, mais angústia temerária sentimos em meio à nossa parte nessa vida. Com esperança consigo guardar a fé em meio a provas factíveis dos que a querem negar. Penso ser muito melhor ter esperança na eternidade do que viver centrado na matéria orgânica que vai se desintegrar sem a perspectiva de ser eterno. De mais, em meio ao materialismo existencial, o que vejo é que quem se limita a esta existência terrena faz mais barulho do que age. E, convenhamos, é muito barulho para pouca ação. E quanto mais o tempo passa, mais a mente, apenas existencial, se enche de tormentas e dúvidas. O viver com expectativa nos ajuda a discernir o justo valor que cada causa merece e a não fazer das coisas algo que seja demasiadamente difícil a ponto de sofrer para obter, seja o que for.

A vida me ensinou que meu fardo terei que carregar: “cada tome a sua cruz”. Sei que nem sempre é fácil suportar o peso ou o valor que a cruz coloca sobre meus ombros. Não me lembro, e talvez você também não se recorde, do tanto que eu tenha sofrido. Mas cá pra nós, tenho absoluta certeza de que todas as pedras do seu caminho que te fizeram tropeçar, por certo, ajudaram você a crescer ou, no mínimo, aprender em cada queda. E tal como a maioria, penso que o sofrimento gera aprendizado proveitoso. Penso que se a cada tropeço aprendermos a amar sem exigências físicas ou de aparência, teremos uma alegria considerável em bem viver.

Desejo muito que você tenha um dia, o prazer que já tive, de dizer que o seu amar independe do que te fazem ou do que te doam, mais sim, que essa seja uma atitude sua, totalmente sua e despretensiosa de qualquer sentimento externo; é o amor que não depende de circunstâncias externas, você ama por que decidiu amar. E esse amar te ajudará a, em segredo, sentir uma paz que ninguém consegue explicar. Amar assim é amar com o amor de Cristo, é semear o bem. É se desapegar de coisas em desuso e possivelmente fúteis em prol de um ganho para quem nada tem. É fazer sem se preocupar com resultados, mas sim porque isso é certo, mesmo que ninguém veja. Por certo, isto vai te levar a encontrar, por toda parte, pessoas que possivelmente um dia farão a diferencia na sua existência, serão amigos mais chegados que um irmão. Tal sentimento te ensinará a cultivar o prazer de ser uma pessoa que vai além da simplicidade, além do apenas ser útil, para fazer toda a diferença para alguém.

É pouco tempo de existência, meio que óbvio isso, mas se medisse meus erros, dariam eles algumas voltas ao mundo, e essa constatação me levou a dar maior suporte e a amparar de forma simples e sincera os que erram. Vejo que não sou melhor, apenas tento caminhar na busca de errar menos. Essa atitude me fez perdoar muito mais do que imaginei ser possível. E nisso, creio que o ensinamento de perdoar setenta vezes sete cabe bem depois de um bom tempo de aprendizado. Por isso, hoje, perdoe quantas vezes for necessário. Colocar isso em prática me levou a aceitar melhor as pessoas e a superar obstáculos que antes julgava intransponíveis.

Mesmo que seja pouco o tempo de vida, sei bem que os anos cobram o preço do vigor físico e da juventude, o que me leva a crer que conservar a jovialidade mental, a doçura nas palavras e o tratamento cordial nos faz sermos bem recebidos em qualquer ambiente. Por isso, creio ser necessário, em qualquer fase dessa vida, sustentar o bom ânimo para enfrentar os reveses que se apresentam a todos, independente de, em que e/ou como você crê.

Que no novo ano, possamos nos desprender dos enganos e falhas cometidos para com as pessoas, e, com uma personalidade segura acerca de quem somos, agirmos com respeito e gratidão num mundo onde esse modo de ser pode não importar para as pessoas, mas fará toda diferença na caminhada que teremos pela frente. Isso é caminhar de forma perseverante até o fim que nos foi proposto na eternidade. Desse modo, se te fizerem mal, não será dessa mesma forma que vais responder, ao contrário, escolherá perseverar no bem. Isso, no mínimo, te tornará um ser diferenciado em meio ao comum do que muitos preferem agir. No fim das contas, percebi que fazer o bem faz toda diferença, pois o ser agradecido e respeitoso te leva a viver com simplicidade, sem expectativas mirabolantes e muito mais agradecido no fazer e ser do bem até ao fim.

Ajude o próximo. Não tenha medo de praticar boas ações. Não tema a opinião contrária e nunca se desespere com pensamentos que não dizem respeito à sua realidade. Aprenda de maneira contínua e, quando o tempo permitir, pense, medite. Fale menos, ame continuamente, trabalhe com alegria, dirija sua existência de forma equilibrada. Obedeça com contentamento o que for prudente sem se queixar exacerbadamente. Siga em frente, deixe o pretérito no seu devido lugar. Se os aprendizados foram bons, conserve-os, se não, delete-os. Olhe além dos seus olhos, tente enxergar o mais longe possível. Se tiver que entrar num debate, faça-o de forma serena e ponderada, com respeito e sem tentar impor o que a você soa como coerente.

Seja luz para o cego, semeie a paz no coração aflito, abençoe os necessitados que cruzarem seu caminho, lute contra as injustiças, faça a sua parte e a faça com satisfação. E, independente do que lhe vier, seja de bem ou mal, aja com o melhor do que Deus te tem capacitado para ser. Diante dos problemas, tenha coragem e enfrente-os com resiliência e com a calma que possivelmente a vida lhe ensinou Ore, não como uma reza corriqueira, mas confiante no que você acreditar ser possível. Em Deus tudo é possível. Seja vigilante quanto às maldades e benevolente para com todos. Enfim, seja o melhor de você, sirva hoje, agradeça sempre. E espere o melhor do amanhã que vai se apresentar ao seu contexto existencial.

Em resposta à pergunta do salmista. “Que darei ao senhor… ?”, no novo ano, dê o seu melhor.

Feliz 2022!

Rev. Arlei Gonçalves

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