Depois de Cristo
26 de dezembro de 2021

E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.”
2ª Coríntios 5.17
Contar os dias para um ano novo é algo que faz parte da maioria das culturas, mesmo que em datas diferentes da nossa. Olhamos para frente com o desejo de que dias melhores virão e olhamos para trás com o intuito de corrigir os rumos, procurando mudar aquilo que consideramos como atitudes erradas.
Essa atitude de avaliação e mudança faz parte do espírito da época do Natal. Essa data é tão significativa para esse propósito que, no Natal de 1914, durante a primeira guerra mundial, os soldados de exércitos inimigos, entrincheirados acerca de cem metros um do outro, largaram suas armas e foram cumprimentar seus oponentes, trocando presentes e até jogando futebol juntos. Contudo, os conflitos voltaram com toda a intensidade já no dia 26 de dezembro, embora historiadores afirmem que, em algumas partes do conflito, o período de “paz” tenha durado até a virada do ano.
No texto em referência, Paulo nos mostra que a verdadeira mudança não vem da correção de atitudes simplesmente, nem do espírito da época em que se vive, tampouco da atitude de alguém em fazer algo diferente do que lhe é imposto, como os soldados da primeira guerra. Nessas poucas palavras do verso 17 podemos ver que a verdadeira mudança:
Primeiramente é estar em Cristo. Não é pela nossa força, nem pela dedução lógica da avaliação dos erros que cometemos ou ainda pelo ajuste dos rumos para um objetivo futuro. É cristo quem inicia, dinamiza e conclui a mudança em nosso ser. Mesmo tendo responsabilidade no processo de santificação, ainda somos totalmente dependentes dEle.
Como Consequência de estar em Cristo, em segundo lugar somos feitos novas criaturas. Pela instrumentalidade de Cristo, ou seja, por um ato divino cujo produto é um filho ou filha de Deus que está sendo conduzido à glória. Podemos melhorar nossa eloquência, respeito e tolerância. Podemos ser mais educados e polidos, mas a verdadeira mudança vem de dentro.
Por isso, em terceiro lugar, não somos mais identificados pelas obras antigas que praticamos. Nossa nova identidade em Cristo, o ser nova criatura, é chancelada pelas coisas novas que agora somos habilitados a fazer de Cristo, por meio de Cristo e para Cristo.
Tão importante quanto o nascimento de Jesus Cristo na história, que a dividiu em duas eras, e tão importante quanto a consciência de que Ele está vivo, é estar ligado a Ele. Porque depois de Cristo é que somos nova criação. É depois de Cristo que nos distanciamos das coisas antigas.
Presbítero e Seminarista Ricardo de Souza Gaúna