Jesus foi um filho insubmisso?

25 de outubro de 2021

Jesus maria

Essa pergunta poderia ser feita por alguém que se deparasse com o texto de João 2.3, 4: “Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho. Mas Jesus lhe disse: “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora”.

Outro texto, semelhante ao de cima, é Lucas 2.48, 49: “Logo que seus pais o viram, ficaram maravilhados; e sua mãe lhe disse: Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura. Ele lhes respondeu: Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?”.

Esses dois textos, portanto, causam um questionamento com respeito à submissão de Jesus aos Seus pais terrenos. Porém, antes de tratar disso, devemos considerar claramente quem é Jesus e quem foram Seus pais, especialmente Sua mãe.

Jesus é Deus encarnado (Jo 1.1, 14), Salvador e Senhor dos pecadores (Jo 3.16, 17; At 4.11, 12; Rm 10.9; 1 Pd 3.18). Maria foi uma mulher que recebeu a graça (o favor imerecido), de ser a mãe terrena do homem Jesus (Lc 1.30, 31). Como ser humano, Maria também era uma pecadora e precisava de salvação (Rm 3.23; 5.12). É por isso que ela diz, com respeito a si mesma, que Deus era seu Salvador e que ela era uma serva dEle (Lc 1.46-48). Não há um texto sequer na Bíblia que diga que Maria era divina e nem poderia haver, pois como um ser divino poderia “gerar” um ser humano por meio de gravidez? Pelo contrário, ela teria de ser realmente humana, a fim de que a encarnação do Verbo fosse legítima. Ela contribuiu justamente com sua humanidade, pois divino Ele já era antes da encarnação. Entendeu? Ele já era Deus, mas não um ser humano.

Com essas considerações em mente, voltemos à questão: Jesus foi um filho insubmisso? A Bíblia diz que não, conforme Lucas 2.51: “E desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso”.

Então, como considerar os dois textos que parecem demonstrar uma insubmissão dEle aos Seus pais? Devemos entender que, nesses textos, Seus pais extrapolaram a autoridade que tinham sobre seu filho. Em ambos os textos eles foram longe demais. Quer ver? No texto de João 2.3 e 4, Maria dirige-se a Jesus e fica implícito no texto que ela quer que Ele faça algum milagre para resolver o problema da falta de vinho. Contudo, não era chegado ainda o momento adequado de o Cristo manifestar Seu poder. É por isso que Ele diz: “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora”. Veja que Maria se intrometeu na missão dEle como Deus encarnado. Ela estava se metendo em assuntos que estavam fora de sua área de influência sobre o filho. E, quando isso ocorria, Jesus não titubeava em mostrar quem, de fato, Ele era.

Note que mesmo Maria não podia esquecer que seu filho não era um homem comum. Ele também era o Deus dela, o seu Senhor e Salvador. O interessante é que, mesmo assim, o texto de João diz que Jesus atendeu ao pedido de Sua mãe. Note que Ele abriu um precedente e, mesmo não concordando a princípio, fez o milagre de transformar água em vinho (Jo 2.7-11).

Vamos agora ao outro texto, Lucas 2.48 e 49. Nesse caso, José também está presente. Eles procuravam o filho e, quando O encontraram, questionaram-no sobre Seu sumiço. Então, Ele respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” Ou seja, o que Ele fazia naquele momento estava além do poder de influência ou interferência de Seus pais. Nem eles poderiam se intrometer ou impedir o Verbo encarnado de cumprir Sua missão neste mundo.

Portanto, aprendamos isto: Jesus, como um ser humano, filho de José e Maria, era-lhes submisso. Porém, como Deus encarnado e Senhor de seus próprios pais, não podia ser impedido ou questionado no cumprimento de Sua missão. Nem mesmo por eles.

Presbítero Kleber Cavalcante

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