Uma restauração inesquecível

4 de agosto de 2021

Uma Restauração Inesquecível

No mesmo dia, ofereceram grandes sacrifícios e se alegraram; pois Deus os alegrara com grande alegria; também as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se ouviu até de longe.

Neemias 12.43

 Após alguns meses, estamos concluindo a série de mensagens acerca do livro de Neemias. Muitas lições foram aprendidas, e temos muitas ainda há aprender. A palavra chave ali é “restauração”. O povo de Deus experimentou uma grandiosa transformação em vários aspectos de sua vida. Do cativeiro a que estavam submetidos, por causa de seus pecados contra Deus (Ne 1.7), foram milagrosamente libertos e provisionados pelos reis persas (Ciro, Dario, Atarxerxes), para voltarem à sua terra natal (Jerusalém) e reedificarem o templo, os muros, a cidade, suas casas e suas vidas, tanto material como espiritualmente.

Vamos relembrar alguns momentos especiais dessa narrativa.

Primeiro, tudo começou com oração. Neemias, ao saber do estado desolador em que a cidade e o povo se encontravam, lamentou e orou a Deus “Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus” (Ne 1.4). Os planos e ações de Neemias eram precedidos por oração, às vezes orações rápidas (Ne 2.4). Aprendemos que, em tudo que pretendemos realizar, primeiro devemos orar, pois de Deus virá à provisão, tempo e habilidade para o que precisamos (Ne 2.8). Todos se envolveram na obra – homens, mulheres, nobres e pobres, sacerdotes e levitas (Ne 2.18 e cap. 3). Sempre há algo que possamos fazer pela obra do Senhor; das tarefas mais simples às mais complexas, todas são importantes e necessárias, e cada um de nós precisa e deve se envolver fazendo, contribuindo, auxiliando e intercedendo.

Vários inimigos se opuseram à obra de reconstrução (Ne 4.7). Os “Tobias e Sambalates” da vida sempre se levantarão contra o Reino de Deus, como acontece por toda história desde o Éden, e sempre motivados pelo diabo, a antiga serpente. Desde ameaçar e desanimar (Ne 4.11-12) até seduzir (Ne 6.2, 19) e se fingir de amigo (Ne 13.4), várias foram as investidas de satanás para tentar impedir a obra. Mas jamais prevaleceram, pois “agindo Deus, quem impedirá?” (Is 43.13). Com oração e perseverança, eles mantiveram o ânimo para trabalhar (Ne 4.6) e, sobrenaturalmente, todo o muro se ergueu em apenas 52 dias (Ne 6.15). Todos reconheceram que eles não estavam edificando sozinhos, ou na sua própria força, “… porque reconheceram que por intervenção de nosso Deus é que fizemos esta obra.” (Ne 6.16). Quem de nós já não se admirou de algo feito ou conquistado que, nitidamente, pudemos reconhecer e declarar “foi a mão de Deus que agiu a nosso favor”. Se nos mantivermos unidos, dedicados no trabalho e firmes na oração, mais oportunidades teremos ainda hoje de dizer: “Foi Deus”.

Finda a obra de reconstrução dos muros e da cidade, uma nova etapa foi iniciada. A restauração da vida espiritual. E a base dessa renovação espiritual é e sempre foi uma só: A Palavra de Deus. “E leu no livro, diante da praça, que está fronteira à Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres e os que podiam entender; e todo o povo tinha os ouvidos atentos ao Livro da Lei.” (Ne 8.3). Por todo sétimo mês, eles se reuniram pra ouvir e aprender os ensinamentos da Palavra do Senhor. Celebraram festas, fizeram confissão de pecados, oraram, cantavam louvores (Ne 8.18). Restabeleceram todo o serviço do templo, como nos dias do rei Salomão e se comprometeram várias vezes em não desamparar a Casa do Senhor (Ne 9.38; 10.39 e 12.44-47).

Israel era, naqueles dias, o centro da presença da adoração a Deus na terra. Deus não era adorado pelos egípcios, amonitas e moabitas. Ao restaurar seu povo do cativeiro, Deus estava mais que reconstruindo uma cidade – Jerusalém. Era mais que mover pedras e madeiras do lugar. A ideia central é, a partir da restauração da vida do seu povo, restaurar a adoração na terra. Nosso culto hoje segue o estilo do que acontecia nos ajuntamentos solenes do povo de Deus do passado, exceto o fazer sacrifícios, pois o derradeiro sacrifício, que de fato purifica nossos pecados, foi feito por Jesus Cristo – O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Cada vida hoje que experimenta a restauração de seus pecados, através de Jesus, é transformada num adorador; em alguém que, assim como os sacerdotes e levitas do passado, está a serviço do Reino de Deus. E na Igreja, hoje agência do Reino de Deus nesta terra, tem serviço para todos os crentes, “cada um no seu mister” (Ne 12.9).

Mas, até que o Reino de Deus invada esta terra em sua plenitude e totalidade, devemos estar vigilantes quanto à nossa vida espiritual e a obra do Senhor. No último capítulo do livro, vemos que, com o passar do tempo, o povo se esqueceu de seu compromisso com Deus, acomodou-se em seus próprios interesses e se misturou com gente e gostos estranhos à vida de santidade para com Deus (Ne 13.11, 23 e 27). Neemias foi, novamente, instrumento de Deus para limpar e purificar o povo dessas “estrangeirices” e trazê-los de volta à santidade (Ne 13.30). O que Deus fez para nos restaurar através da vida, morte e ressurreição de Jesus. É ou não é uma grande obra de restauração? Não podemos nos esquecer disto. E para nos lembrar, temos o Espírito Santo que age em nossa mente, nos convencendo do pecado, nos sustentando na fé e nos motivando há uma vida de compromisso com essa poderosa e inesquecível obra de restauração que Deus fez em nós.

Que não nos esqueçamos das lições aprendidas no livro de Neemias, e venhamos, além de nos dispor para a obra, orar como Ele ao final do livro: “… Lembra-te de mim, Deus meu, para o meu bem.” (Ne 13.31)

Reverendo Edilson Martins

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