Muito mais que uma simples questão

20 de março de 2021

Lovelikejesus 56a1482e3df78cf772692705

Que darei ao Senhor? Essa é a questão. Que darei ao Senhor por todos os benefícios que tem feito para comigo? Tal como o salmista, poderia eu ter a condição emocional de tomar o cálice da salvação? Teria condições de invocar o Seu nome nas mesmas proporções ou, até mesmo, em igualdade de condições e pessoalidades de Jesus? Só para constar, eu não sou Jesus, mas me esforço deveras para seguir seus conselhos. Eu acredito que não tenho nada significante que possa oferecer ao meu Senhor. Então, que poderia eu retribuir a Deus por todos os feitos gloriosos e todos os bens que fez em minha vida?

Oferecer algo para o Senhor se alimentar; seria isso um bom sacrifício? Bem, como não tenho nada palpável que julgue ser possível ofertar, poderia pensar em dar então minha alegria? O meu tempo? Daria minha gratidão? Daria ao Senhor meu dinheiro? Daria ao Senhor a paz que sinto? Ou algum bem de grande valor?

Como oferecer algo que, entendo claramente, vem do próprio Senhor. Como alguém vai conseguir retribuir a Deus, se Ele é o dono de tudo. Qual benefício seria suficiente para que Deus pudesse contentar-se? Estaria Deus contente com algo que eu Lhe retribua?

Teria alguma possibilidade de saber, o reles mortal, qual seria a real satisfação do Criador? Como não o vemos, e cremos no que Sua palavra diz, penso não ser muito simples que alguém consiga retribuir ao Senhor todos os bens, ou todos os benefícios que Deus tenha feito para com eles.

Vivemos em meio a alegrias e dificuldades, perdas e ganhos, conflitos e desavenças. São poucos os momentos de glórias, e quando pensamos numa jornada, numa caminhada de vida, quando voltamos o olhar para a história da jornada cristã, ou quando paramos para pensar no pretérito inglório, o que mais vemos são as perdas. Em geral, não pensamos no que ganhamos, e na mente, o que se destaca são os desgastes, que se apresentam maiores e mais evidentes do que os ganhos.

A impressão que temos é que muito maiores foram as dores do que as alegrias, maiores foram os sofrimentos do que os momentos bons, e, para uma grande maioria, é mais fácil ter na memória algo que doeu, feriu ou machucou, por isso, vejo que, em meio a tudo o que tenho, mesmo que os ganhos tenham sidos pouco proveitosos, preciso agradecer muito mais.

Não consigo ficar sem pensar no que daria eu ao Senhor? Eu não tenho e creio que nunca terei, algo que possa retribuir ao meu grande Deus. Se tentar retribuí-Lo com a paz que sinto na alma, qual paz seria maior que a paz do nosso Deus? Se tentar retribuir a Deus com os benefícios dos lucros que obtive, que lucro seria suficiente para Deus? Talvez você meu leitor, em algum momento pensasse em retribuir a Deus com o tempo de que dispõe na vida, mas pense bem; Deus não precisa de tempo, Ele é atemporal. Não existe, a meu ver, e não penso que alguém venha a descobrir, qualquer coisa que seja suficiente para retribuir a Deus por suas benesses.

O nosso melhor exemplo é Jesus Cristo. Sua jornada, bem definida na eternidade, foi claramente dedicada a dar a sua vida em favor daqueles que Deus amou. Esses amados pelo Pai, por certo, não mereciam, tal como eu não mereço, e creio, não existirá alguém que venha a merecer. O fato é que não merecemos nada da bondade de Deus sobre as nossas vidas. Poderia eu pensar em fazer algo próximo ao que Cristo fez? Teria eu capacidade de imitar a Cristo, em seus feitos por todas as pessoas a quem Deus amou? Meu caro leitor, se o próprio Cristo, em meio a dores e sofrimentos, pediu ao Pai que, se possível fosse, afastasse dEle aquele cálice, quem dentre os mortais comuns suportaria a carga que Ele carregou? Porém, por um amor inexplicável, em meio a tudo que suportou antes do martírio, o próprio mestre Jesus sentiu o peso daquele momento em que uma atitude infame decretaria a sentença final no plano mortal.

Sua existência terrena nos revela que Ele viveu com sofrimentos internos e no corpo por muitas outras dores existenciais. Em seu clímax existencial, cercado pelos homens, com suor de sangue, numa angústia impossível de traduzir, Ele se submeteu à vontade soberana de Deus. Talvez pensássemos que a dor que antecipou a cruz, teria sido suficiente preço, mas sabemos não era. Em face de tudo isso e muito mais, o Pai não tirou de Cristo, o cálice da provação, que consistia na entrega de sua vida por milhões de outras vidas. Se Deus não tirou do próprio Cristo o cálice que Jesus teria que beber, tiraria de nós?

Seria o cálice que temos que tomar suficiente para dar a Deus ou lhe retribuir algo? Qual é o cálice da sua vida que mais lhe amarga o paladar, que mais lhe causa dores, que mais lhe pesa em sofrimentos? Qual o cálice existencial que você espera em vida? O que mais nessa vida tira de você o sossego da alma? Por certo, tal como não conhecemos o amanhã, também não sabemos o que vamos enfrentar, o que Deus tem preparado para cada um de nós.

No entanto, sou desejoso de que, no derradeiro momento desse tempo, preciosos à vista do Senhor, seja qual for o cálice que tivermos que degustar nessa vida, sejamos encontrados firmes em nossa fé. Que pensemos mais em Deus, e que, ao pensarmos no nosso criador, reconheçamos Sua majestade, e nela possamos buscar um referencial na beleza da sua glória e no esplendor da sua majestade.

Deus é o nosso refúgio, e socorro bem presente. E que, tal como o salmista, que escreveu esses versos, possamos viver sem que o pretérito nos derrube, para que consigamos pagar os nossos votos. Que em tudo na nossa vida, nosso sacrifício seja de um louvor que agrade a Deus, para que, quando a graça se voltar a nosso favor, sejamos prontamente agradecidos.

Reverendo Arlei C. Gonçalves

Leave a Reply: