“Deus é Deus e jamais perde a Sua Glória”

6 de outubro de 2020

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Mas chamou ao menino Icabô, dizendo: Foi-se a glória de Israel. E falou mais: Foi-se a glória de Israel, pois foi tomada a arca de Deus.”

1 Samuel 4.21a e 22

A palavra “glória”, tanto no Antigo Testamento (kabod), como no Novo Testamento (doxa), significa “esplendor”, “dignidade” e “honra” – atributos que revelam a grandeza, o poder e a majestade de Deus. Mas, também apontam para dignidade e reverência, e tem a ver com a reputação.

Na história, da qual o versículo acima faz parte, Deus dá uma aula sobre isso. Tanto Israel, povo de Deus, como os filisteus, povo distante de Deus, tinham noções equivocadas sobre Deus. Eles não o conheciam de fato e, como consequência, não souberam lidar com a Sua santidade. As consequências foram desastrosas, pois, como ensina o terceiro mandamento, Deus não terá por inocente aquele que tomar seu nome em vão (Êx 20.7).

Resumindo o contexto, Israel havia pecado contra Deus. Tanto o povo quanto seus sacerdotes (Eli e seus filhos), tratavam de forma relaxada e leviana o serviço a Deus, profanando o culto, cometendo perversidades e levando o povo a errar (1 Sm 2.12-17). Então, Deus permitiu que os filisteus viessem em batalha contra eles. Num primeiro confronto, eles perderam. No entanto, ao invés de se arrependerem e renovarem a aliança com Deus, eles tentaram “obrigar” Deus a ir com eles na batalha seguinte, mandando buscar a Arca da Aliança (1 Sm 4.3-4). Mas será que Deus se prende a um objeto? Será que Deus é como o gênio da história infantil, preso à sua lâmpada? Eles perceberam que não. Eles foram terrivelmente derrotados e a Arca levada por seus inimigos. Daí a expressão “ikabod”, que significa “foi se a glória”.

Os filisteus também se equivocaram. Após vencerem o primeiro confronto, temeram o segundo, pois pensavam que Deus só havia chegado naquele momento, junto com a Arca (1 Sm 4.5-8). Eles nem imaginavam que Deus é quem havia entregado os israelitas em suas mãos devido ao pecado deles. Ao vencerem, eles tinham a ideia errada de que “capturaram” o Deus de Israel, levando a Arca para o templo de Dagon. Contudo, primeiro, Deus despedaçou o deus deles (1 Sm 5.1-5) e, após o profeta Samuel conclamar o povo ao arrependimento e a renovar a aliança (1 Sm 7.3-4), eles foram derrotados.

Amados, quando as pessoas têm uma noção equivocada de quem Deus é, elas também ficam sem a clareza de onde encontrá-Lo, de como servi-Lo e adorá-Lo devidamente. Embora o poder de Deus se manifestasse de várias formas – no cajado de Moisés, na nuvem de fogo, na Arca, na estola sacerdotal –, sabemos que Ele não se prende ou se limita a objetos. E, embora Ele agisse por intermédio de seus servos, também nunca esteve submisso a ser manipulado por nenhum deles. São todos homens e Deus é Deus. Israel falhou em conhecer a Deus de fato, e falhou também, muitas vezes, em revelar ao mundo quem é O Deus Todo Poderoso.

Hoje, ainda vemos muitos equívocos sobre Deus e Sua Glória. No início da pandemia, muitos choravam pelos templos fechados, imaginando que Deus estava trancado lá. Alguns líderes ousam dar ordens a Deus em seus encontros religiosos (aquilo não é culto) e mistificam a Sua Palavra, afirmando coisas que Deus não disse. Outros pensam que podem oferecer a Deus o que quiserem e Ele que se dê por satisfeito, com músicas que enaltecem o homem e não a Sua Glória.

Somos hoje desafiados a não repetir os mesmos erros do antigo Israel. Temos que conhecer a Deus. Saber que Ele está no templo, mas também em nossa vida; que Ele fala pela fiel pregação, mas também na sua leitura individual da Palavra; que Ele é glorificado pelo corpo reunido em adoração, mas também no seu culto familiar e na sua devocional. Cada crente em Jesus, que faz parte do seu corpo, a Igreja, foi e é alvo do Seu grande amor, da Sua redenção e salvação, e, portanto, deve conhecer e comunicar Seu poder e Sua majestade.

Deus é Espírito (Jo 4.24). Ele preenche todos os céus e domina sobre tudo e todos nesta terra (Dt 10.14). Diante da Sua gloriosa majestade, seres angelicais se prostram (Is 6.2-3; Ap 4.11), a natureza criada o glorifica (Sl 19.1-6) e todo ser que respira é convidado a louvar ao Senhor (Sl 150.5).

Pastor Edilson Martins

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