Evangelismo sem acepção

7 de setembro de 2020

Evangelismo sem acepção

Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade.

Atos 17.16

“Atos dos Apóstolos é um livro para ser estudado não como uma história remota e distante, mas como um desafio presente. Os tempos mudaram, mas Deus não mudou. As circunstâncias são outras, mas o Evangelho é o mesmo”, essa gloriosa verdade, declarada pelo Rev Hernandes Dias Lopes, inunda os nossos corações de paz, segurança e esperança. Afinal, como é bom nesses tempos e circunstâncias atuais, de tantas incertezas e insegurança, sabermos que estamos sob os cuidados do único e verdadeiro Deus, cujo ser e mensagem são imutáveis! Por isso, podemos imaginar a calmante alegria e inabalável convicção sustentadas pelo apóstolo Paulo: “…eu sei quem tenho crido…” (2Tm 1.12).

Assim, guiados por essa convicção paulina no Deus imutável, à medida que nos aprofundamos na leitura do Livro de Atos, constatamos que o cerne da mensagem de Paulo e a estratégia de pregação por ele adotada também são claros e imutáveis. O tema de sua pregação é único: JESUS CRISTO, o MESSIAS.  Além disso, no decorrer de suas viagens evangelísticas, saltam aos olhos, de forma contagiante, o amor e a piedade do apóstolo dos gentios demonstrados pelas vidas imersas e cativas a toda sorte de pecado. Ademais, ainda é digno de nota que, embora firme na sua cosmovisão cristã, ele não faz juízo severo e nem caçoa da fé alheia. Afinal de contas, ele, além de pecador, também foi alcançado pelo amor e pela misericórdia do Filho de Deus em certo momento de sua vida, quando se autojulgava constante e correto em sua antiga crença religiosa, o judaísmo.

Já no tocante às estratégias evangelísticas, as sinagogas e lugares de oração eram os alvos privilegiados pelo apóstolo para anunciar o nascimento, a vida, a morte, a ressurreição, a assunção e a volta do supremo Senhor e Salvador de sua própria vida, cujo excelso conhecimento nada nesse mundo se compara. A propósito, como ele mesmo diz em carta, “qualquer outro conhecimento é tido como “perda” quando cotejado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus. (Fl 3.8).

            Pois bem, amado/amada, até esse ponto da leitura, tendo Paulo como farol de autêntica evangelização, pergunto: quanto às suas convicções cristãs, qual tem sido o centro da sua mensagem evangelística? Você tem estratégias evangelísticas definidas? Ao se deparar, na sua caminhada diária, com os idólatras, com os indiferentes ou escarnecedores do Evangelho de Cristo, você age com amor e misericórdia ou pede fogo do céu para eliminá-los da face da terra? Caso ainda não tenha pensado sobre isso, que tal começar agora? Sobretudo, estimulado(a) pela leitura instigante e edificante do Livro de Atos dos Apóstolos, o qual, na verdade, nos apresenta atos do Espírito Santo na vida dos servos Deus em prol da nossa salvação em particular e da Igreja em geral.

            Dando sequência no texto bíblico encimado, precisamente no contexto de sua segunda viagem missionária, Paulo está em Atenas, cidade berço da civilização ocidental, cuja extasiante beleza dos prédios, da arquitetura e das estátuas é totalmente ignorada pelo seu apurado senso estético e, mais ainda, embora sendo um erudito em sua época, ele também não faz nenhuma conta de que dessa cidade historicamente famosa saíram homens de elevada estatura intelectual, como Sócrates, Platão, Aristóteles e tantos outros sábios deste mundo. Lá, o que Paulo verdadeira vê e se revolta no íntimo é com a flagrante idolatria local reinante. Afinal, para ele, tudo que os olhos veem é temporal, enquanto o que não se vê é eterno (2Co 4.18). Nesse sentido, em contraste com o Deus “desconhecido” que ele prega, e que é belo e eterno, Atenas e sua cultura, de fato, não impressionaram o seu espírito fiel a Cristo, pois, para ele, são apenas vislumbres idolátricos, de pouca duração e sem qualquer serventia para a verdadeira piedade. No mais, o que realmente interessa a Paulo, em Atenas, são os escolhidos do Senhor que lá residem.

Por fim, apesar da legítima revolta em seu espírito, centrada na sua adoração ao Deus único e verdadeiro, para com a cidade ateniense e seu povo, Paulo agiu com terna piedade, com atitude de abnegado amor não fingido e com conhecimento profundo de Cristo Jesus e do verdadeiro Evangelho, e não com desrespeito à crença alheia e, muito menos, destinou alguém ali para o inferno. E como fruto dessa sábia e empática postura, “…alguns homens se agregaram a ele e creram; entre eles Dionísio, o areopagita, uma mulher chamada Dâmaris e, com eles, outros mais” (At 17.34). Com isso, meu irmão e minha irmã, muitos são os ensinos que aprendemos com o apóstolo dos gentios nessa estada em Atenas, dentre eles, é imperativo que:

Evangelizar é preciso; condenar, não.

Presbítero Carlos Augusto Amoras

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