Não se engane e nem se deixe enganar

25 de junho de 2020

Pastoral Imagem 25jun2020

“Então, a serpente disse à mulher:

É certo que não morreis”.

Gênesis 3.4

É inegável que a ardilosa estratégia do Maligno de enganar os filhos de Deus não ficou circunscrita ao Éden. Não somos tão cândidos de acreditar nisso. Ao ler a Bíblia, constatamos que no curso da história do povo de Deus – Israel e a Igreja, embora os redimidos em Cristo formam um só povo (Gl 3.28) –, inúmeros e abençoadíssimos servos do Altíssimo se deixaram iludir pelas artimanhas do diabo. Diga-se de passagem, escorregaram feio na iniquidade.

A propósito, verdade seja dita, pouca coisa ou quase nada mudou desde a fatídica tragédia no Éden, especialmente no tocante às desculpas esfarrapadas que damos ao vacilarmos contra a vontade do Senhor. Com efeito, se formos sinceros, o nosso recorrente fracasso espiritual deve-se, acima de tudo, a uma operação sinérgica, ou seja, nós (servos de Deus) cooperamos com o diabo para a nossa própria “queda e vergonha”. Sendo assim, na desesperadora busca de limparmos a nossa barra com o céu, atribuir tudo a Satanás não nos ajudará a sair do repetitivo atoleiro espiritual no qual, volta e meia, nos afundamos.

Ademais, sair à caça de culpados pela nossa negligência em obedecer ao nosso Deus é outra empreitada fadada, inevitavelmente, ao fracasso. Isso não funcionou com Adão e Eva diante do Senhor e, certamente, não será uma boa ideia para nós hoje. Nesse caso, é melhor encararmos essa angustiante verdade de frente e, quebrantados, seguirmos a exemplar atitude de Davi, outro que caiu feio, ao declarar: “Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” (Salmo 51.3). De fato, bom é não pecar, mas se pecarmos, é melhor nos humilharmos, reconhecendo a nossa transgressão ante ao nosso Deus, clamarmos por perdão a Ele (Sl 130.4) e temermos, pois qualquer outra opção é pura soberba frente ao Criador, cujos olhos tudo está patente, inclusive, no nosso perverso coração.

Sendo assim, a pretexto de humilde colaboração para estarmos mais vigilantes contra as investidas “nossa” e do Maligno, permita-me, então, compartilhar com você, meu irmão/minha irmã, o comentário devocional que tive a graça de ler, de autoria de Warren W. Wiersbe, pastor norte-americano, teólogo e conferencista, morto em 2019.  Agora, calo-me e fale o Pastor:

“Deus colocou nossos primeiros pais em um jardim maravilhoso, onde encontrariam de tudo para atender às suas necessidades e onde teriam o privilégio de estar em comunhão com Ele e de servir-lhe. Como sempre, o inimigo estava preparado para atacar, e desse evento podemos extrair as instruções às quais precisamos obedecer para derrotá-lo.

Não dê espaço para Satanás. Uma das responsabilidades de Adão era “guardar” o jardim (Gênesis 2.15), o que quer dizer protegê-lo. Esse é o mesmo termo usado em Gênesis 3.24, onde lemos “…guardar o caminho à árvore da vida”. Parece que Adão não estava com Eva naquele momento, portanto ela foi um alvo mais fácil para Satanás. Efésios 4.27 adverte-nos: “Nem deis lugar ao diabo”, pois ele só precisa de um pequeno espaço para começar a guerra. Até hoje, seus servos infiltram-se sorrateiramente e causam problemas (2 Timóteo 3.6 e Judas 4). Quando temos um pensamento mau e lascivo, proporcionamos espaço para o Maligno e recusamo-nos deliberadamente a fazer a vontade de Deus.

Não dê ouvidos às Ofertas de Satanás. Ele é dissimulado e embusteiro e nunca revela sua verdadeira natureza. Pode até mostrar-se como anjo de luz (2 Coríntios 11.14) e desviar-nos do bom caminho. Sabemos quando o arqui-inimigo de nossas almas está agindo, porque ele contesta a Palavra de Deus e nos encoraja a negar a autoridade da Bíblia, perguntando-nos “Foi assim mesmo que Deus disse?”. Satanás primeiro contesta a Palavra, depois nega e, em seguida, a substitui por suas mentiras. Nossa resposta deveria ser: “Sim, foi o que Deus disse, e vou respeitar Suas palavras!”. Precisamos recorrer ao Senhor em oração e buscar a Sua sabedoria. Ele nos lembrará do que aprendemos na Bíblia e podemos usar a espada do Espírito para derrotar esse inimigo, como Jesus fez quando o Maligno o tentou (Efésios 6.17 e Mateus 4.11). É importante guardar a Palavra de Deus em nosso coração, para vencermos o diabo (Salmo 119.11).

Lembre-se das ricas bênçãos de Deus. A tentação é a oferta de Satanás de dar algo a nós que, segundo ele, Deus não nos deu. Quando tentou Jesus, Satanás insinuou; “Seu Pai disse que você é Seu filho amado. Se Ele o ama, por que você está com fome?” As advertências contra a tentação, registradas em Tiago 1.12-15, são acompanhadas de lembretes de que recebemos as boas dádivas e dons perfeitos que vêm do nosso Deus (Tiago 1.16-18). A tentação é o substituto barato de Satanás para as dádivas celestiais concedidas a nós pelo Pai. O diabo queria que Jesus transformasse as pedras em pães, mas Jesus preferiu o pão nutritivo da vida, a Palavra de Deus (Mateus 4.4).

Somos lembrados em 1 Timóteo 2.14 que Eva foi enganada por Satanás, mas quando Adão apareceu, ele pecou conscientemente porque quis ficar do lado de sua mulher. Foi desobediência deliberada de Adão que lançou a raça humana no pecado e no julgamento (Romanos 5.12-21). Todavia, graças à obediência do nosso Senhor Jesus Cristo e de Sua morte na cruz, fomos salvos da condenação e nos tornamos filhos de Deus.

“…resisti ao diabo, ele fugirá de vós” (Tiago 4.7)

“Tomai [ … ] a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus” (Efésios 6.17).

Amados, finalizando, é fato lamentável que iremos pecar (Romanos 7), mas quando isso ocorrer, então: “não se engane e nem se deixe enganar”, corra depressa em busca de graça, perdão e misericórdia do nosso Deus, não deixe o sol se pôr sobre o seu pecado. Confie na justiça imputada a nós pelo sacrifício do nosso Senhor Jesus Cristo, e na consoladora assistência do Espírito Santo, o único que verdadeiramente nos convence da justiça, do pecado e do juízo. No mais, não brinque com o pecado! Certamente morremos.

Presbítero Carlos Augusto

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