O convite, a Festa, a Flor e o Rei

19 de junho de 2020

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“Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos”.

Mateus 22.14

Este texto do evangelista Mateus está no contexto de uma grande festa. Muitos foram convidados, mas poucos entenderam o valor e o significado do convite.

Lendo o devocional com as reflexões de Charles H. Spurgeon, li uma história semelhante, sobre o convite de um grande rei que deu um banquete e convidou gente por todo o mundo. Porém, só seria permitida a entrada daqueles que trouxessem consigo uma flor muito bela. Homens de todo mundo, recebendo o convite, avançaram para a festa levando consigo o que consideravam ser belas flores, como a belladonna, a papoula e a cicuta. Porém foram rejeitados. O portão não lhes foi aberto, apesar da aparente beleza dessas flores. Mas conseguiram entrar e permanecer na festa os que levaram dois tipos de flores, a rosa de sarom e o lírio dos vales.

Fiquei curioso e fui verificar na internet a existência e significado dessas flores recusadas e aceitas, uma vez que todas são aparentemente belas, e me surpreendi com a lição aprendida.

A belladonna, a papoula e a cicuta são flores belas, mas apenas em sua aparência, pois elas escondem riscos e ameaças ao rei e ao seu jardim. A belladora não tolera o sol e, além de ser tóxica, não vive em jardins, mas em lugares pantanosos e sombrios, A papoula surpreende por sua exuberante variedade de cores, e dela se pode até extrair o ópio para a medicina, porém, sua utilidade tornou-se perigosa ao ponto de o seu cultivo ser proibido em vários países (até no Brasil), por seu uso em sustâncias tóxicas. E a cicuta, com sua aparente delicadeza, também foi rejeitada porque, apesar de sua beleza, esconde um terrível veneno, inclusive utilizado nas pontas de flechas por tribos indígenas; segundo uma lenda, foi dela extraído o veneno que matou o filósofo Sócrates.

Já as flores que abriram as portas para desfrutar do banquete do rei surpreendem não só pela beleza, mas também pela utilidade. O lírio dos vales se adapta muito bem em jardins férteis e ensolarados, desde que o adubo seja natural e orgânico, pois não se desenvolve bem com os adubos químicos. Suas flores são delicadas, pendentes como um sino e seu néctar tão doce que agrada as abelhas. A rosa de sarom salta aos olhos por sua beleza e seu doce e suave perfume. Ela se reproduz ao longo de todo o ano e é muito querida por borboletas e beija-flores. Suas pétalas são consideradas comestíveis; alguns a utilizam na produção de saladas e geleias, ou como um delicioso chá aromático.

Que preciosa e florida lição aprendemos aqui. As aparências nos enganam. A nós, que facilmente nos deixamos levar pelo que está diante dos nossos olhos e apressadamente colhemos o que nos parece belo sem analisar se, de fato, é bom para todo nosso ser.  Assim como aquele rei que conhecia bem as flores e o que cada uma delas tinha a oferecer, Deus que vê o coração, conhece seus convidados e sabe como cada um se apresenta diante do convite para o Reino dos céus.  

Com essa história, aprendi que não é por acaso que estas duas flores aceitas (o lírio dos vales e a rosa de sarom) são mencionadas na Bíblia para descrever a noiva admirada pelo rei Salomão em Cantares 2.1; que alguns assemelham à Igreja, descrita em Apocalipse 7.8-9 como sendo a noiva do Cordeiro. Alguns ornamentos do templo também tinham forma de lírios (1 Rs 7.19); e a rosa de sarom tem tão singular beleza que a planície de Sarom, onde ela é encontrada, é mencionada no texto de Isaías ao se referir à beleza do Reino futuro do Messias (Isaías 35.1-2).

Incrível! Tanto na festa que Jesus mencionou no texto de Mateus 22.1-14, como na ilustração de Spurgeon o convite faz alusão ao Reino dos céus. Ele é feito a todos, porém, alguns convidados se recusam a atender, outros o trocam por outra atividade do momento, e outros não o levam a sério, comparecendo relaxadamente, com qualquer traje ou flor. Por isso, muitos são chamados, mas poucos escolhidos para entrar e permanecer em tão maravilhosa festa.

Ainda hoje, o convite está sendo feito. Prepare seu traje (sua vida) e não se engane quanto à flor (a convicção) com a qual vai se apresentar diante do Rei. Aparências (as obras) não o convencem, pois Ele vê o coração. O portão se abrirá para todo aquele que atender com zelo a esse convite do Rei Jesus.

Pastor Edilson Martins

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