Paz na tempestade

13 de junho de 2020

Paz na tempestade

“Mas, já agora, vos aconselho bom ânimo, porque nenhuma vida se perderá de entre vós, mas somente o navio”.

Atos 27.22

Enfrentar uma tempestade não é nada desejável e nada fácil. Se estivermos em terra firme, ainda é possível buscar algum abrigo até que ela passe. Mas, imagine em alto mar; fica muito mais complicado. Em momentos assim, é normal que certa apreensão tome conta da gente. Então, pergunto: É possível sentir paz em meio a uma tempestade?

A resposta para esta pergunta vai variar de pessoa para pessoa e também dependerá de alguns elementos, como habilidades pessoais, equipamentos e recursos. E quanto maior for o risco de se perder a vida, mais rapidamente chega-se à conclusão de que, às vezes, é preciso mais do que isso. É preciso ter fé em Deus.

O capítulo 27 de Atos dos Apóstolos traz a narrativa de uma grande tempestade que Paulo enfrentou. Alguns detalhes da história são: um mar agitado, com ventos fortes e ondas constantes; um céu todo escuro, onde há vários dias não se via nem o sol, nem as estrelas; e alguns dias sem poder se alimentar direito. E, ainda por cima, há outro detalhe que nos deixa admirados: em pleno século I, a embarcação ainda era de madeira e com mais de 270 pessoas a bordo. Já pensou!? Parece terrível! Porém, em meio a tudo aquilo, o apóstolo diz àquela tripulação para não terem medo. Como não ter medo? Se até os marinheiros mais experientes, como o piloto e o mestre do navio (v. 11), já estavam receosos e querendo fugir (v. 30); foi-se embora a esperança em suas habilidades (v. 20).

Mas, em meio a toda aquela turbulência, havia um homem em paz. Paulo sabia e sentia os efeitos da tempestade (v. 10 e 21), mas não entrou em desespero, pois tinha algo mais: fé em Deus (v. 23). O Deus que criou o mar, que dirige os ventos e que tem a vida dos homens em suas mãos, e que havia prometido que ele chegaria em Roma (v. 24). E essa se tornou a única tábua de salvação a que eles puderam se agarrar (v. 33-36). No fim, foram todos salvos. Somente toda a carga e o navio se perderam, tal como Deus havia dito (v. 22, 44).

Nesta vida estamos suscetíveis a enfrentar, a qualquer momento, uma tempestade; seja literalmente ou nos percalços que a vida nos apresenta. Cientes disso, devemos nos valer dos tempos bons e dos momentos de calmaria para nos prover dos recursos, conhecimentos e habilidades que nos deixarão prontos quando ela chegar. E a qualquer momento ela chega, com maior ou menor intensidade, na vida de cada um.

No entanto, nem sempre os recursos e habilidades naturais serão suficientes para lograrmos êxito. É preciso algo mais. Faz toda diferença, assim como na história de Paulo, ter fé nAquele que vive acima das tempestades e tem a vida de todos em suas mãos. Ele prometeu que jamais desampara os que nEle confiam (Salmos 37.25 e 55.22).

Dificilmente saímos de uma tempestade ilesos. Elas sempre deixam suas marcas – se não no corpo, na mente ou no coração. Todos aqueles marinheiros se salvaram. Diante dessa realidade, ficam as perguntas: O que cada um deles fez com suas marcas ou o que aprenderam com aquela tempestade? Será que reconheceram que há um Deus no céu e que tem tudo na terra sob seu controle, inclusive suas vidas? Será que buscaram por esse Deus a quem Paulo servia e que fez cumprir a Sua Palavra os livrando da morte, mesmo permitindo a perda do navio? Ou será que continuaram suas vidas apenas confiantes em si mesmos, sem desenvolver fé e dependência nesse poderoso Deus?

Estamos vivendo uma das maiores tempestades que já assolou este mundo. A ameaça de contaminação pela Covid-19 é um tipo de tempestade. Ela não está localizada num lugar apenas, mas atingindo pessoas, cidades e nações por todo planeta. Tanto os mais experientes quanto os mais descrentes não encontram soluções em seus recursos e habilidades. Ela atinge a muitos e está deixando as mais tristes e variadas marcas.

Nesse enfrentamento, é preciso mais do que recursos e habilidades para impedir que a angústia e o desespero tomem conta da mente e do coração. É preciso ter fé em Deus. Esse Deus poderoso pode nos proteger durante a tempestade e também nos fazer desfrutar de paz enquanto a atravessamos. Ele é Onipresente e promete estar junto dos que nEle confiam. Ele provou isso se fazendo presente, pessoalmente, através do seu filho Jesus Cristo na tempestade com seus discípulos. E prometeu estar conosco todos os dias, levando paz ao coração, suprindo diariamente as necessidades que vierem a surgir e nos renovando o ânimo a cada dia.

A tempestade é real, mas a Paz que vem de Deus, através de Jesus Cristo, também é. Podemos não sair ilesos, mas, pela fé, podemos desfrutar de paz agora e por todo tempo, até ela passar. Essa paz que vem de Deus também nos dá forças para encorajar os demais que estão conosco no mesmo barco: nossa família e demais conhecidos. Permaneçamos firme na fé em Deus e desfrutando da paz que só Ele pode nos conceder.

Pastor Edilson Martins

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